sexta-feira, 29 de abril de 2011

O casamento real

Estamos acompanhando inúmeras notícias sobre o casamento real na Inglaterra. Pompa, riqueza, luxo e muito, mas muito dinheiro.
Já assistimos casamentos assim, e na Inglaterra também, e com esse pensamento, refleti: aquele outro casamento, foi real?
O que torna um casamento real?
Outro dia em uma palestra, escutei assim: existem pessoas de grande sucesso no seu trabalho, pois o fizeram prosperar. Grandes contratos, ótimas somas de dinheiro negociadas, mas por outro lado, abriram mão da principal empresa que deveriam cuidar em detrimento desse sucesso, que é a família.
Juntando as informações, podemos refletir que o casamento real, pode ser entendido como uma empresa bem administrada, onde os contratos e combinados são respeitados e justos para ambos, o que gera felicidade e por consequencia, harmonia nessa relação. Esse é o casamento real, um casamento de verdade.
Nessa mesma palestra, ouvi uma outra estória que foi assim: em um café, um senhor se dirigiu ao caixa para pagar o café que havia consumido. A cobrança veio de dois cafés, mas ele havia somente consumido um. Ele não discutiu e pagou. Pouco depois uma senhora veio no caixa para pagar o café que havia consumido e do seu marido, e não lhe foi cobrado nada. Honestamente, ela reclamou, e a caixa responde: não se preocupe, seu marido já pagou os 2 cafés. A senhora espantada questiona a caixa, como ela sabia que aquele senhor era seu marido, e a caixa lhe responde: sabia que vocês eram casados porque não conversavam um com o outro. Ficaram em silêncio o tempo todo!
Porque enquanto estam apaixonados, os assuntos fluem, são horas pessoalmente, pelo telefone ou msn de conversas intermináveis, e depois mal se falam?
Pois esse é um casamento falido!! Em silêncio, sem conversa, e com certeza sem harmonia na relação.
Lembrem: o casamento real, é um casamento de sucesso, com harmonia, combinados justos, amor, e olhar para sua (seu) parceira (o) e pensar que a sua maior sorte é que ela (ele) está ao seu lado, e que tudo será possível porque ela (ele) está com você, ao seu lado. Conversam sobre as alegrias e dificuldades do dia a dia, respeitando o espaço do outro, planejam suas vidas e possivelmente de seus filhos. Esse é o casamento real, esse é um casamento de sucesso!!


segunda-feira, 25 de abril de 2011

O uso abusivo de álcool e outras substâncias

ABUSO DO ÁLCOOL E OUTRAS SUBSTÂNCIAS


Ontem, houve uma partida importante pelo campeonato de futebol estadual, onde o Coritiba sagrou-se bi campeão paranaense. Muitas festa, comemoração! E também muita bebida! Outras substâncias também eram consumidas. Idade de quem consumia? As mais variadas. Quantidade? Sempre abusiva.
E pensei, será que tudo isso é uma canalização do prazer de ver seu time campeão e poder estar mais feliz ainda, e comemorar ainda mais?
Realmente acredito que não.
Geralmente ouvimos falar que encarar a vida com responsabilidade, é difícil e o uso abusivo mascara essa dificuldade deixando a vida mais leve, ou quando por “sintomas de estresse”, faz-se uso abusivo de alguma substância para relaxar. Outros usam do álcool para socializar. Razões e desculpas sempre existirão!
Mas o uso de álcool e outras substâncias, sempre está relacionado a obtenção de prazer! Amenizar o que está difícil, tornar mais feliz o que já é feliz! O ser humano e sua eterna busca pelo ser completo, o ser humano insaciável, querendo sempre mais. Essa busca pode ter um preço alto, muito caro. Um uso de álcool, por exemplo, em festas, faz com que havendo uma festa, o uso seja diretamente associado, ou seja, pode-se passar para uma situação de abuso, com muita facilidade.
A obtenção do prazer pode vir mesmo com a pessoa estando “de cara”, sem ter usado nada. Uma brincadeira com o filho, a vitória do time de futebol, um bom e produtivo dia de trabalho, um olhar e carinho da pessoa amada. Desfrutar desses benefícios da vida e valorizá-los a cada dia, faz com que nosso prazer seja tão grande quanto uma tarde bebendo em uma mesa de bar com amigos. Também é muito bom beber com amigos, mas sem abusos, sem somente buscar prazer nessa fonte.
Ontem, na comemoração do futebol, vi vários buscando mais prazer pela via do uso abusivo da bebida. Em outra partida, vi pela TV, uma bandeira gigante exaltando a relação da torcida e uma marca de cerveja, sendo transmitida ao vivo, com várias crianças e adolescentes assistindo a partida. Outro erro pelo exagero associando bebida e o prazer por torcer por determinado time.
Lembremos que a vida, pode e deve ser vivida com parcimônia, com limite, disciplina. Todos os exageros trarão consequências, geralmente não muito positivas, ou com um preço muito alto.
A psicoterapia pode tratar de abusadores, entendendo de onde essa necessidade surge, com qual função. O uso de medicamentos também pode colaborar com o tratamento. Algumas vezes, internação para desintoxicação se faz necessária, para que no consultório possa-se trabalhar com qualidade de vida melhor para o paciente.
Finalizando, temos várias formas de obter prazer, sem exageros, sem sempre querer mais. Tudo tem hora e medida certa para acontecer. Basta sabermos respeitar esse tempo e investir em nós, na nossa família, que sem dúvida acharemos muitas riquezas e seremos mais completos...

PS: Parabéns ao bi campeão do Paraná, Coritiba Foot Ball Club!!
Eu estava lá, comemorei, me diverti e conheci pessoas que compartilharam dessa alegria, além dos amigos que já estavam lá. Eu não bebi nada alcoolico para ter uma noite feliz, completa e de muita alegria! Todos nós podemos...

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Entendendo sobre a Síndrome do Ninho Vazio

Para entendermos o que é a questão do ninho vazio, necessitamos recorrer a um termo junguiano chamado persona: máscara de ator. O papel social do indivíduo, derivado das expectativas da sociedade e do treinamento nos primeiros anos da vida. Um ego forte relaciona-se com o mundo exterior através de uma persona flexível; a identificação com uma persona específica (médico, professor, artista, etc) inibe o desenvolvimento psicológico. Portanto, com a definição de persona, podemos entender um pouco mais de uma frase que inicia a explicação do conceito do ninho vazio: “A síndrome do ninho vazio – tédio e depressão quando os filhos se emancipam e abandonam o lar- denuncia a superidentificação com a persona do papel parental e pode ocorrer em homens e mulheres.”
Portanto, a identificação com o papel de responsabilidade pelos filhos, faz com que o entendimento pela emancipação se torne de muito difícil aceitação. O ninho vazio remete a imagem de um pássaro que cuidou de sua cria, e de repente se vê abandonado por ela, como se essa cria não tivesse o direito e a necessidade de crescer, desenvolver, e partir para ter suas próprias vivências, com distância da sua família de origem. Para alguns pais ou responsáveis, esse afastamento tem um sofrimento muito específico, muito diferente de uma aceitação natural. Esse sofrimento específico é o sentimento do ninho vazio.
Esse sofrimento vem representado pelo tédio e depressão, mas alguns sintomas físicos também podem aparecer nesse momento, o que entendemos como reações psicossomáticas: Infecção na bexiga (associado a dificuldade de desapego), dores no joelhos (associado a humildade), manchas na pele ou psoríases (associado ao contato e carinho, que fica entendido como a partir daquele momento como um distanciamento).
Há também os aspectos simbólicos. O ninho enfatiza o aspecto maternal, protetor e de espaço para acolhimento. Jung usou a mitologia grega para explicar os padrões de comportamento da humanidade, e a representante deste padrão maternal é a deusa Deméter. O termo meter significa mãe. Esse padrão de comportamento vem representado pelo instinto maternal desempenhado na gravidez ou através da nutrição física, psicológica ou espiritual nos outros. Mãe é a que cuida, nutre, protege, alimenta, acolhe. Uma mulher, tomada pelo padrão de comportamento de Deméter, cuidará não só dos filhos, mas de todos. É aquela que vive rodeada de crianças, aquela que cuida da alimentação de todos, aquela que sabe onde estão os objetos perdidos dentro da casa, a que cuida dos doentes, etc...
Há também o perfil de uma Deméter dominadora, que são as que mantém os filhos perto dela a qualquer custo, gerando os “filhinhos da mamãe”, pois ainda sofrem a dominação. Quando o filho casar, por exemplo, não é incomum os desejos da mãe serem atendidos em detrimento ao desejo da esposa.
Mães que tenham o perfil da Deméter dominadora, sofrerão mais com o abandono do lar pelos filhos. Os filhos poderão tentar manter-se distantes, inclusive geograficamente e também emocionalmente dessa mãe. Agem assim, de forma inconsciente, quando a mãe os fez sentirem devedores, culpados ou dependentes.
Se lembrarmos do mito de Ícaro ( que tenta voar com as asas construídas por seu pai Dédalo, que o avisa para não voar nem tão próximo ao Sol e nem tão próximo ao mar, pois poderia cair, e Ícaro o desrespeita, caindo e morrendo), podemos entender como funciona o ninho vazio nos homens.
A partida desse filho é menos sofrida e o padrão de comportamento é tomado pela postura do aconselhamento. Alguns homens mais tomados pelo sentimento do que pela razão, podem ser acometidos do sentimento de perda, podendo se mostrar mais depressivos, isolados, mas sem deixar de aconselhar.
Para finalizar, algumas mulheres, podem se sentir exploradas e improdutivas diante do ninho vazio, mas existem formas de canalizar esse sofrimento de maneira construtiva. Aprender a expressar a raiva pela perda, reduzirá a depressão. Aprender a dizer não evita tornar-se mais esgotada e deprimida por ter sido “explorada”. Aprender a “abrir mão e deixar os filhos crescerem” poupa-lhe a dor de ter filhos e precisar se libertar deles. Uma outra possibilidade, para uma Deméter solteira, é arriscar-se em um outro relacionamento, como outra forma de não sentir-se mais angustiada e poder atuar novamente tentando dominar os filhos.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Quem é o autor do massacre da escola?

Levei algum tempo pesquisando para ter, de varias fontes, informações sobre o perfil de comportamento do autor do massacre da escola de Realengo, no Rio de Janeiro.
Lendo alguns textos, reportagens, assistindo a vídeos, nos mostra nitidamente uma pessoa com perturbações e transtornos. Mas será que há uma patologia por trás desse comportamento? Que patologia é essa? É a mão do terrorismo sendo usada nesse massacre? Essas perguntas passaram pela cabeça das pessoas, e pelos textos durante a última semana.
Deixarei em anexo, dois links que usei de base para escrever esse texto, para que possam ter suas próprias conclusões.
Nesses textos, deixa claro que o assassino apresenta uma confusão de cunho religioso, junto com uma idolatria pelo atentado terrorista de 11/09/2001. Mostra também uma mudança de comportamento, após o falecimento de sua mãe, pois seu comportamento passou a ser de isolamento, e suas buscas pela religião e curiosidade pelas ações de 11/09 também ganharam força no seu pensamento. Nesse período, muito provavelmente já sob os sintomas de uma doença, busca ingressar em uma religião muçulmana. Esse ingresso nessa religião, já era pelo fato de estar tomado pela persona (termo que vem do grego e é o nome dado as máscaras usados no teatro grego para representar papéis) de um terrorista, ou seja, vivenciando esse papel, de todas as formas possíveis, como vemos noticiado diariamente. Ou seja, a partir desse momento, já eram os sintomas da doença que falavam mais alto, influenciando no seu comportamento e alterando-o. Essa persona era somente uma da várias que vivenciava no seu cotidiano, como por exemplo: filho, crente de uma determinada religião, terrorrista. Provavelmente, não houve outras influência sno seu comportamento, devido ao seu isolamento, que é um dos sintomas da doença, o que torna mais fácil, que uma dessas personas tomasse conta e passasse a agir somente de acordo com ela.
Gravar vídeo, analisar os locais, fazer vítimas inocentes como um sacrifício pela sua atitude heróica e por fim, o suicídio, revelam todas as ações por trás dessa persona do terrorista que o assassino usou, sem dúvida alguma, movido por delírios de ser um terrorista.

Nota de rodapé 1: Delírios são um conjunto de idéias mórbidas que traduzem uma alteração fundamental do juízo no qual o doente crê com uma convicção inabalável

A vivência através dessa persona mostra que é de fato um terrorista e vivencia todas as ações que correspondam a um deles. Junguianamente, falamos que esse indivíduo foi tomado pela persona, como em um eclipse lunar, onde Terra entra em frente a Lua, e só passa a existir uma sombra dela, quem toma conta é uma outra parte da psique, que está representada nessa persona.
Esses delírios, vivenciados através dessa persona, nos apontam para qual doença esse rapaz estaria sofrendo. Essa doença chama-se esquizofrenia paranóide e tem tratamento.
São sintomas dessa patologia: idéias delirantes, pensamentos irreais, alterações do comportamento, ansiedade, impulsos ou agressividade, isolamento social, apatia, indiferença emocional.
Todas essas características ficam evidentes quando assistimos ao vídeo do assassino relatando como organizou e estudou sua investida final na escola e lemos sobre seus atos na escola.
Como disse, essa patologia tem tratamento. Tanto medicamentoso, atualmente sem as reações adversas que haviam antigamente com o uso dessas medicações, e também pela psicoterapia, para que o sujeito tenha claro qual o funcionamento de sua patologia e principalmente como conviver com ela.
Portanto, tenhamos cuidado antes de entendermos que as motivações foram religiosas pois  acredita-se que os muçulmanos pregam esses atos ou de que determinadas pessoas ou influências possam determinar esse comportamento. Não podemos ser preconceituosos a esse ponto!
Mas devemos ter consciência sim, de que é uma patologia grave, que necessita de acompanhamento psicoterapeutico e medicamentoso, para que esse indivíduo possa ter uma vivência social tão comum como a de todos nós que estamos lendo esse texto.



terça-feira, 12 de abril de 2011

Para onde um "pé na bunda" pode te levar?

Quem nunca passou por essa situação? Ter um amor, onde projeta-se o futuro, a casa que vai morar, quantos filhos serão e quais seus nomes, para onde viajarão nas férias...ah, o amor!!
Mas e quando esse amor termina, pelo menos para um deles, e o outro toma um “pé na bunda”, o que fazer? Para onde esse “pé na bunda” pode me levar?
Muitas vezes, pacientes chegam ao consultório com esse questionamento, sofrendo, desesperados, chorando, precisando serem acolhidos pelo outro que os deixou. Pensam que é o fim do mundo, nunca mais acharão outra pessoa, que são horríveis, e todos os adjetivos negativos que possam ser usados. Raiva, frustração, querer saber se o (a) antigo (a) parceiro(a) já está em outro relacionamento ou nos abraços de outra pessoa enquanto se está chorando e querendo descobrir fórmulas mirabolantes para retomar a relação.
Em alguns momentos, o retorno da relação é possível, existe uma abertura de ambos para que a relação seja retomada, pois pode ter havido uma discussão e um término prematuro, e todo um amor ainda paira nesse relacionamento. Nesses casos, oriento a refazer os contratos da relação. Os direitos e os deveres de cada um, o que cada um concorda nesse contrato e o que precisa ser alterado. E vivam felizes! Mas e para as pessoas que isso não foi possível?
Se formos muito práticos, um “pé na bunda” sempre te levará para frente, principalmente segundo as leis da física...e quem nunca ouviu isso? Mas como ir para frente, como seguir minha vida em um momento desses?
Simples! O conhecimento popular já diz: você foi levado para frente, mas ainda não percebeu isso.
Um “pé na bunda” é a ruptura de um relacionamento ou uma discussão mal resolvida como já vimos antes. No caso da ruptura, partimos do princípio de que manter aquele relacionamento já estava insustentável para ambos. Um término, para quem levou o “pé”, faz com que a autoestima fique rebaixada, nada mais é possível, e o choro inevitável.
Porém, uma hora esse sentimento passará, e pode ser que olhe para trás e pense: Nossa, nem era tudo isso, porque me desesperei tanto?”
Ok, você pode-se dizer quase curado. Mas porque do quase? Se em algum momento do pós término, você fez algum desses movimentos desesperados que falamos antes como, correr atrás do parceiro e ouvir um não quanto ao retorno da relação, tudo bem, tem-se o direito de fazer isso, mas aí chega, você já conhece a resposta. Insistir nisso seria um erro, mas o desespero interno faz com que se vá atrás novamente, e é nesse ponto que descobrimos para onde um “pé na bunda” te leva.
Te leva a perceber sua falta de amor próprio!! Faço de tudo para ter o outro (a) de volta, a que preço? Ao preço do seu amor próprio.
Todas as vezes em que nos desrespeitamos para ficar com outra pessoa que não nos quer mais, faz com que afastemos essa pessoa ainda mais. Quem quer ficar com alguém que não gosta nem de si mesmo?
Mas e como faço para recuperar esse amor próprio? Invista toda a libido do amor não mais vivido em você. Dedique-se ao seu tabalho, aos seus prazeres, aquilo que em alguns momentos que você queria fazer, mas cedeu aos pedidos da outra pessoa que hoje não está mais com você, faça para você aquilo que tem vontade de fazer, faça um jejum deste outro(a) que não está mais com você. Respeite-se! Lembre-se: o momento da outra pessoa já passou, e agora você inicia um novo relacionamento: com você mesmo.
Amor próprio somente nós podemos dar a nós mesmos. Não há relacionamento que faça isso. E, enquanto não souber fazer isso, nem pense em outro relacionamento, afinal estará apenas substituindo.
Amor próprio se conquista com o tempo, reforçando esse sentimento a cada atividade que faz para você e por você. Quando conquistamos algo, nosso amor próprio é reforçado. Então, lembre-se: reforce a você mesmo, e estará mais pronto(a) para conhecer-se melhor e estar muito bem com você mesmo. A partir desse momento, conseguindo viver para você, fazendo suas atividades, destinando seu tempo para as atividades que você precisa fazer, a “inteligência da vida” te apresentará uma outra pessoa, e sem dúvida se estará muito melhor para uma outra relação, e não repetindo tantos erros, pois antes de se envolver com a outra pessoa, você está envolvido e comprometido com a sua vida.



sexta-feira, 8 de abril de 2011

HAM!?

Estava em atendimento no consultório, quando comentando com uma paciente sobre o texto que seria publicado, pois tinha relação com que ela estava trazendo na sessão, falo do assunto e tenho como resposta: HAM!? Pensei, que esse seria o título.
Mas o que é HAM!?
Primeiro, é necessário fazer uma breve explicação de um conceito da teoria junguiana, chamado de anima. Anima, de forma geral e breve, pode ser entendido como uma parte inconsciente feminina no homem, ou seja, algo que não pode ser ativado quando eu desejo, mas sim, quando algo que é vivenciado, faz com que tenhamos reações a partir dessa anima sem com que possamos nos dar conta, como se fossemos possuídos por ela.
Pois então, o que seria o HAM!? E não estranharei se nesse momento homens e principalmente mulheres pronunciarem essa interjeição, após minha explicação. HAM significa homens que amam demais. HAM!?, hehehe!!
Já ouvimos falar em mulheres que amam demais, mas homens que amam demais, isso existe? Foi exatamente essa a pergunta da paciente. E na verdade eu realmente nunca ouvi falar, e por isso mesmo resolvi escrever sobre o assunto.
Muitas vezes em relacionamentos, noivados, casamentos, escutamos falar de homens que tem atitudes tão histéricas ou como diriam alguns “de mulherzinha”, que podem surpreender suas parceiras. Muitas vezes, elas esperam ser simplesmente acolhidas em suas queixas, mas no final, tem que acabar acolhendo o homem, que durante uma discussão apresentou um choro compulsivo, uma revolta exagerada ou uma outra atitude extremada qualquer, que reconhece não ser de seu comportamento habitual, e podemos nos questionar se nesse momento ele não está possuído por sua anima no seu aspecto destrutivo.
Muitas mulheres se frustram com esse comportamento e acabam por despertar, necessariamente e compensatóriamente, seu animus(parte inconsciente masculina na mulher) para poder dar conta daquela situação e ajudar a acalmar os animos.
Varias são as razões para que nós, homens, por vezes possamos ser possuídos por essa anima, que diga-se também, não é somente dessa maneira que ela pode se revelar. Quando cobrados demais, dentro ou fora do relacionamento, em nosso trabalho, por nossos objetivos que por vezes parecem cada vez mais distantes, quando sabemos que estamos fazendo o possível para tentar torná-los mais concretos. A frustração é muito grande, e nossa sociedade sempre nos impõe de que homem não chora e aguenta qualquer e toda situação. Se a sociedade foi rude dessa forma, e nos castrou o sentimentalismo e a emoção, não façamos o mesmo. Quando pressionados, porque não buscar um espaço para conversa, acolhimento, seja com uma psicoterapia ou com uma atividade que possa trazer um prazer por aquele dia de trabalho conturbado e agitado. Não é justo descontar na parceira e nem também saudável descontar na bebida, todas as vezes que se está estressado.
Portanto, um tempo para relaxar, “colocar a cabeça no lugar”, com algo que dê prazer, pode ajudar a lidar melhor com essa situação. Na psicoterapia, entrar em contato com sua anima será uma questão de tempo. E conhecê-la é muito importante, pois entender como esse aspecto do feminino se revela em nós, ajuda-nos a trabalhar com nossas questões diárias, em todos os seus aspectos.
Homens que não se permitem esse momento de "dar uma respirada", e tem todas as suas vivencias, conquistas e principalmente frustrações, no relacionamento, acabam por sobrecarregar esse espaço, e por consequência se ver depende dele. Tudo tem que ser vivido ali, e o espaço consigo mesmo, vai sendo deixado de lado. Essa dependência, com o tempo refletirá, que todas as ambições e objetivos estão dentro desse relacionamento, e a mulher que aguente!!
Até chegar o momento em que a anima possui esse homem, e ele passa a alegar que ele é um HAM, ou seja, um homem que ama demais. Não passa de um bela desculpa, para novamente ser pego no colo na sua queixa, e pedir para que alguém possa resolver o problema. Durante uma discussão, alegar que fez isso ou aquilo, por amar sua parceira e querer dar o melhor para ela. Ok, isso pode até ser verdade, mas qual a cobrança que está sendo feita nesse relacionamento, o que eu exijo depois pelo esforço que tive, isso é justo? Pode-se descarregar esse elefante no seu relacionamento?
Deixo claro aqui, que essa maneira, é somente uma possibilidade de manifestação dessa anima e nunca a única. A anima também tem seu aspecto construtivo, aumentando a percepção do homem e seu trato com os aspectos do cotidiano.
Homens, meus caros colegas, vamos nos respeitar e ter nosso momento de satisfação, prazer, seja após o dia de trabalho ou no fim de semana. Não sobrecarregue quem está perto de você. Não atenda tão somente a demanda da sociedade de que tem que lidar com tudo e tenha seu momento com você. Se conheça! Se permita fazer o que gosta.
Mulheres, minhas queridas, não reforcem esse comportamento de supermães que acolhem sempre, pois se não tiverem filhos, ganharam um! Lembrem-se: esse comportamento, muitas vezes por companheirismo ou caridade, pode ter como vítima você e seu prazer de estar com o homem que você escolheu. Conversem, usem de sua sutileza, esquive-se da culpa, que não é sua, e pontue ao seu companheiro o quanto ele é capaz de resolver as questões. Ajude, auxilie, mas não faça por ele.
Talvez até existam homens que amem demais, mas pode-se ter certeza, que esse amor demasiado, que cega, estará, provavelmente, ocultando algo do comportamento que acabo por compensar nesse sentimento.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Porque ir ao psicólogo?

Varias vezes já ouvi ou fui questionado quanto a essa pergunta. Porque ir ao psicólogo? O que acontece em uma sessão?
Eu sempre respondo que buscar um psicólogo, nunca foi e quanto mais hoje, como uma parcela da população acredita, de que pode evitar de ficar louco! Buscar um atendimento psicológico, é que dentro de um espaço fechado, que chamamos de setting terapeutico ou analítico, as pessoas possam falar de seus problemas, suas dificuldades, suas dores e sofrimentos, angustias, e também, por que não suas felicidades, alegrias e conquistas.
Além disso, esse espaço fechado, nos oferece uma possibilidade que o mundo, que está do lado de fora da porta do consultório, não nos dá chance. Falo da rica oportunidade do errar!
Nesse setting terapeutico, pode-se errar, recomeçar, reconstruir, reformular, questionar, chorar, ter uma possibilidade de poder pensar e refletir que caminhos tomaremos quando sairmos por aquela porta. Poder errar em um espaço protegido, nos dá a segurança de encararmos o mundo com uma segurança maior, com uma dose de coragem extra. Poder ter um espaço onde isso é permito é muito valioso. Poder a cada sessão ir sentindo-se mas forte, mais confiante, e para isso foi preciso errar, reformular o pensamento, questionar atitudes que seriam tomadas dentro do consultório, com o acolhimento necessário, que não haveria do lado de fora da porta.
Isso nos assegura de que nossa tentativa formulada dentro do consultório será cumprida? Nem sempre, porém, as vezes nosso sofrimento pode ser maior, quando tentamos sem a possibilidade de termos testados essas possibilidades antes.
O mundo é cruel e não nos permite erro, na maioria das vezes. Falar em perdão é muito fácil, mas perdoar é muito difícil, e isso torna nosso mundo ainda mais cruel. Fazendo escolhas, nem sempre temos a certeza de que nossa escolha foi a correta, mas o mundo nos obriga a seguir em frente. E temos de seguir, mas no espaço protegido do consultório, naquela uma hora, eu me possibilitei errar, refletir, pensar nas possibilidades que possam ocorrer, enfim...pude conhecer mais do que posso enfrentar e o melhor de tudo, pude conhecer mais de mim mesmo!
Quando se está decidindo por que caminhos seguir após uma desilusão amorosa, a perda de um emprego, uma decisão importante com custos emocionais altos, projetarmos nossas possibilidades de erros faz com que possamos ter uma abrangência maior do que podemos enfrentar do lado de fora da porta. Nos preparamos melhor, para as armadilhas da vida, e ficamos mais atentos, para não cairmos nela.
O psicólogo tem o papel de ser o espelho, ou seja, refletir o que está sendo discutido na sessão, para aí sim, o paciente consiguir entender o que está acontecendo no seu mundo interno (ou psique).
Ir ao psicólogo as vezes pode doer, afinal, olhar nossas dificuldades mais agudas nunca foi e nem será fácil, mas também podemos sair com um sorriso no rosto por ter conseguido seguir pelo caminho correto, ou poder falar na sessão do que conquistamos. É uma vez por semana, que muitas vezes como ouço no consultório, os pacientes dizem que é uma hora naquela semana corrida e agitada que a pessoa escolheu para estar com ela...e quanto rico pode ser este momento!
Poder a cada sessão, saber um pouco mais quem é você, e por consequencia, descobrir mais o que posso querer do outro, o que posso esperar do mundo, quais as tentativas que posso fazer, que me traga menos sofrimento, pois afinal, eu já errei bastante na sala do psicólogo e fui acolhido, tenho mais coragem para poder enfrentar o que me espera lá fora, com confiança e segurança maiores.
O mundo, em decisões que precisamos ter, as vezes não nos acolhe. Então prepare-se, invista em você, faça psicoterapia, e crie a possibilidade de se tornar mais forte para as adversidades que possam surgir ou as conquistas a serem comemoradas.

domingo, 3 de abril de 2011

Sejam bem vindos!! Na primeira postagem, quero começar contando qual a intenção do blog. Abordar alguns temas trabalhados em consultório com meus pacientes, temas das palestras, experiencias minhas que possam contribuir com o cotidiano de cada um a entender e talvez superar as suas dificuldades. Mas primeiro é preciso entendê-las!

Um paciente me relatou que começou a participar de corridas de rua de 5 quilômetros, contando-me com detalhes de como elas funcionam. Ele relatava que em determinado momento da corrida ele cansava demais e sintomas de ansiedade apareciam, muitas vezes o impedindo de completar o trajeto. Para quem nunca teve uma crise de panico, a certeza da morte e a pequena depressão que precedem a crise são os piores momentos, além dos sintomas físicos e seus desconfortos como taquicardia, sudorese nas mãos, tremores, aumento da motilidade intestinal, etc, ou seja, um grande desconforto instalado através de varias reações corporais.
Uma pessoa ansiosa, pode ter sua crise desencadeada por vários fatores. Nesse caso, esse paciente estava viajando de carro. Não era sua primeira crise, mas nitidamente já não as aguentava mais.
Pontuei a ele a relação que havia entre as corridas e a ansiedade. Quando vamos trabalhar, correr atrás das nossas vidas, buscando nossas felicidades ou lutando para ter nossas contas pagas, é a nossa largada. Batalhar o cotidiano, lidar com pequenas frustrações e alegrias faz com que possamos ir ganhando experiencia de vida. As pressões, cobranças no trabalho, família, são varias as demandas que temos que nos desdobrar para darmos conta. Com meu paciente não era diferente. Ou seja, ele estava percorrendo o quilometro 1. Há energia sobrando e uma confiança certa que completará a prova no melhor tempo possível.
Com o passar do tempo, passou a sentir-se sufocado por situações que não conseguia mudar. Ele não mudava e não via como mudar seu comportamento. O sentimento de impotência, incompetência era cada vez maior. Para ele, é como se a vida transcorresse em círculos. Ele estava no quilometro 2, um pouco mais cansado, mas pensando que a respiração vai ficando pesada e o cansaço se aproximando.
Para tentar algo novo, resolve se distrair e sair para uma pequena viagem de carro e no trajeto, tem simplesmente 3 crises de panico consecutivas...aquilo para ele era o ponto final. No dia seguinte ele vem ao consultório.
Ele estava no 3,5 Km. O momento que ele não vai chegar no final, a frustração tomou conta, o desgaste é grande, e a decisão por parar e tentar uma outra vez parece ser a mais acertada. Mas sabe também, que terá de lidar mais uma vez com o sentimento de impotência e incapacidade. O que fazer se não aguento mais?
É a hora de diminuir o ritmo, buscar folego, pegar água no ponto de hidratação, ou seja, ele vai decidir se arrisca ou para. Quando o ritmo é diminuído, e o folego vai sendo retomado, vem a sensação de que chegar pode ser possível. De que não foi vencido por aquele momento. A crise de panico não pode me parar. Quando ele reduziu a velocidade, procurando a terapia, pode perceber o quanto sua vida estava em um ritmo errado, se preocupava somente com os outros, acolhia a todos, dedicava sua vida as pessoas que o cercavam, exigia grandes retribuições por seu enorme esforço de agradar ao outro, tudo tinha prioridade, menos ele mesmo. Trabalhávamos na sessão o ser um pouco mais egoísta e que a ansiedade pode ser um alarme tocando nos mostrando de que ultrapassamos limites, os nossos limites e que se não fizermos nada a ansiedade vai nos parar.

A medicação passou a fazer parte do seu cotidiano, o autoconhecimento e principalmente o amor próprio foram ganhando espaço na sua vida, conseguindo dedicar mais seu tempo as atividades que queria fazer, o que lhe trazia mais prazer, ter mais satisfação em sua vida.

Nota de rodapé nº1: Se não formos prioridade para nós mesmos como conseguiremos dar conta de nossas vidas? Ser prioridade, ter amor próprio é o mais importante, e em muitas vezes nas crises ansiosas, elas aparecem podendo nos sinalizar esta situação. Está nas nossas mãos decidir se vamos continuar a corrida ou não, desde que eu me perceba, que eu me veja!

Atualmente, ele está saindo da medicação, se conhecendo melhor, tendo mais consciência de quem ele é e do quanto importante ele tem de ser para ele mesmo, atento a quando estará extrapolando seus limites. Em vários momentos ele retoma a estória dos 3,5 Km, para mostrar a ele mesmo, que ele pode cansar, achar que não vai chegar, mas se diminuir o passo, tomar folego, e focar qual é seu objetivo, tudo se torna possível.
Milagrosamente ou não, como ele fala, as crises não apareceram mais, está com um trabalho mais sólido e está em um relacionamento mais seguro, onde principalmente sente-se mais feliz, ou seja, está quase completando a corrida, vendo a chegada, sentindo a medalha no seu peito, mas principalmente, sabendo que ele é capaz de poder superar suas dificuldades, simplesmente tendo mais amor próprio, cuidando mais de si.