Embora para algumas pessoa
possa demonstrar sensacionalismo, comentarmos e analisarmos o fato que levou vários
jovens a morte em Santa Maria/RS nos ajudará a entender questões importantes do
cotidiano, além de obviamente revermos nossas leis, principalmente as que
envolvem segurança em locais fechados. Alguns pacientes sentiram-se abalados
com a visão de pessoas falecidas no chão e o desespero. Questionaram como é
possível lidarmos com a morte? Como podemos aceitar essa condição? E nossas conversar
transcorreram pela questão de como lidar, aceitar e se desenvolver através da
morte pelo sentimento de luto.
Sabemos que não há como
evitarmos a morte e para tanto ela torna-se uma ultima etapa da vida. Mas como
poderemos entende-la e superar o sentimento da ausência de quem se foi?
Alguns estágios fazem parte
da superação do luto. São 5 estágios: alarme, torpor, procura, depressão e
organização. Na fase do alarme é caracterizada pelo estresse e alterações de
pressão e do batimento cardíaco. A fase do torpor é o momento em que o sujeito
tenta demonstrar que só está afetado superficialmente, protegendo-se do
desespero. Na fase da procura, há uma busca pelo ser perdido. A depressão, como
quarta fase, representa a desesperança com relação ao futuro, pois não
visualiza como continuar a sua vida depois da perda. Por ultimo, através da
organização, passa-se a considerar uma continuidade da vida após a perda
sofrida.
Alguns sintomas também
aparecem durante esse período que simbolizam o sofrimento. Tristeza, raiva,
culpa, ansiedade e solidão. Sintomas cognitivos como: descrença, confusão e sensação
de presença. Sintomas comportamentais: transtornos do sono, de apetite.
Isolamento, choro, sonhos com a pessoa morta e hiperatividade. Por ultimo,
queixas somáticas: vazio no estomago, aperto no peito, hipersensibilidade ao barulho, falta
de ar, fraqueza e boca seca.
É importante durante o
tratamento, o paciente reconhecer, através da conversa com o psicólogo, que
trata-se de um processo natural da vida e que os sintomas indicam o curso
normal do luto. Aprender novas habilidades tanto cognitivas quanto
comportamentais, ajudará na readaptação da vida com a ausência da pessoa
falecida. É lembrado de que reformulações no papel familiar e na sociedade são
necessárias, para dar espaço ao novo. Existem recursos e técnicas que podem ser
usadas no consultório e acompanhado o desenvolvimento da pessoa na aceitação e
superação do luto.
Lembrar, ter carinho e amar
uma pessoa que se foi é natural, porém a morte não pode nos limitar e impedir a
vida. Espaço para o novo, para a renovação tem de haver em todos os aspectos e
para isso a ausência se faz necessária. Essa morte não precisa ser
catastrófica, sofrida como a que ocorreu recentemente. Sim, o que houve foi uma
catástrofe. Mas determinar, como a morte ocorrerá, infelizmente, não está em
nossas mãos.