sexta-feira, 8 de abril de 2011

HAM!?

Estava em atendimento no consultório, quando comentando com uma paciente sobre o texto que seria publicado, pois tinha relação com que ela estava trazendo na sessão, falo do assunto e tenho como resposta: HAM!? Pensei, que esse seria o título.
Mas o que é HAM!?
Primeiro, é necessário fazer uma breve explicação de um conceito da teoria junguiana, chamado de anima. Anima, de forma geral e breve, pode ser entendido como uma parte inconsciente feminina no homem, ou seja, algo que não pode ser ativado quando eu desejo, mas sim, quando algo que é vivenciado, faz com que tenhamos reações a partir dessa anima sem com que possamos nos dar conta, como se fossemos possuídos por ela.
Pois então, o que seria o HAM!? E não estranharei se nesse momento homens e principalmente mulheres pronunciarem essa interjeição, após minha explicação. HAM significa homens que amam demais. HAM!?, hehehe!!
Já ouvimos falar em mulheres que amam demais, mas homens que amam demais, isso existe? Foi exatamente essa a pergunta da paciente. E na verdade eu realmente nunca ouvi falar, e por isso mesmo resolvi escrever sobre o assunto.
Muitas vezes em relacionamentos, noivados, casamentos, escutamos falar de homens que tem atitudes tão histéricas ou como diriam alguns “de mulherzinha”, que podem surpreender suas parceiras. Muitas vezes, elas esperam ser simplesmente acolhidas em suas queixas, mas no final, tem que acabar acolhendo o homem, que durante uma discussão apresentou um choro compulsivo, uma revolta exagerada ou uma outra atitude extremada qualquer, que reconhece não ser de seu comportamento habitual, e podemos nos questionar se nesse momento ele não está possuído por sua anima no seu aspecto destrutivo.
Muitas mulheres se frustram com esse comportamento e acabam por despertar, necessariamente e compensatóriamente, seu animus(parte inconsciente masculina na mulher) para poder dar conta daquela situação e ajudar a acalmar os animos.
Varias são as razões para que nós, homens, por vezes possamos ser possuídos por essa anima, que diga-se também, não é somente dessa maneira que ela pode se revelar. Quando cobrados demais, dentro ou fora do relacionamento, em nosso trabalho, por nossos objetivos que por vezes parecem cada vez mais distantes, quando sabemos que estamos fazendo o possível para tentar torná-los mais concretos. A frustração é muito grande, e nossa sociedade sempre nos impõe de que homem não chora e aguenta qualquer e toda situação. Se a sociedade foi rude dessa forma, e nos castrou o sentimentalismo e a emoção, não façamos o mesmo. Quando pressionados, porque não buscar um espaço para conversa, acolhimento, seja com uma psicoterapia ou com uma atividade que possa trazer um prazer por aquele dia de trabalho conturbado e agitado. Não é justo descontar na parceira e nem também saudável descontar na bebida, todas as vezes que se está estressado.
Portanto, um tempo para relaxar, “colocar a cabeça no lugar”, com algo que dê prazer, pode ajudar a lidar melhor com essa situação. Na psicoterapia, entrar em contato com sua anima será uma questão de tempo. E conhecê-la é muito importante, pois entender como esse aspecto do feminino se revela em nós, ajuda-nos a trabalhar com nossas questões diárias, em todos os seus aspectos.
Homens que não se permitem esse momento de "dar uma respirada", e tem todas as suas vivencias, conquistas e principalmente frustrações, no relacionamento, acabam por sobrecarregar esse espaço, e por consequência se ver depende dele. Tudo tem que ser vivido ali, e o espaço consigo mesmo, vai sendo deixado de lado. Essa dependência, com o tempo refletirá, que todas as ambições e objetivos estão dentro desse relacionamento, e a mulher que aguente!!
Até chegar o momento em que a anima possui esse homem, e ele passa a alegar que ele é um HAM, ou seja, um homem que ama demais. Não passa de um bela desculpa, para novamente ser pego no colo na sua queixa, e pedir para que alguém possa resolver o problema. Durante uma discussão, alegar que fez isso ou aquilo, por amar sua parceira e querer dar o melhor para ela. Ok, isso pode até ser verdade, mas qual a cobrança que está sendo feita nesse relacionamento, o que eu exijo depois pelo esforço que tive, isso é justo? Pode-se descarregar esse elefante no seu relacionamento?
Deixo claro aqui, que essa maneira, é somente uma possibilidade de manifestação dessa anima e nunca a única. A anima também tem seu aspecto construtivo, aumentando a percepção do homem e seu trato com os aspectos do cotidiano.
Homens, meus caros colegas, vamos nos respeitar e ter nosso momento de satisfação, prazer, seja após o dia de trabalho ou no fim de semana. Não sobrecarregue quem está perto de você. Não atenda tão somente a demanda da sociedade de que tem que lidar com tudo e tenha seu momento com você. Se conheça! Se permita fazer o que gosta.
Mulheres, minhas queridas, não reforcem esse comportamento de supermães que acolhem sempre, pois se não tiverem filhos, ganharam um! Lembrem-se: esse comportamento, muitas vezes por companheirismo ou caridade, pode ter como vítima você e seu prazer de estar com o homem que você escolheu. Conversem, usem de sua sutileza, esquive-se da culpa, que não é sua, e pontue ao seu companheiro o quanto ele é capaz de resolver as questões. Ajude, auxilie, mas não faça por ele.
Talvez até existam homens que amem demais, mas pode-se ter certeza, que esse amor demasiado, que cega, estará, provavelmente, ocultando algo do comportamento que acabo por compensar nesse sentimento.

3 comentários:

  1. Ótimo post, André! Ficou bem acessível o conceito de 'anima'. E aproveito para acrescentar que é bem cansativo conviver com um homem cuja anima parece estar sempre de TPM...rsrs
    Parabéns pelo blog, ficou ótimo!
    bjo

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  2. Parabéns, André! Gostei bastante das suas colocações de maneira objetiva e sucinta, principalmente o quanto isso é saudável nos relacionamentos!!! beijoss, Cíntia

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  3. Liliany e Cintia, obrigado pelas considerações e peço perdão pela demora no retorno!
    Continuem acompanhando o blog!

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